25.12.06

PÊNDULO TOURO CANDELABRO RUA

Supõe-se um pirilampo num laboratório, um traço de almíscar no tecido, um mapa de temperaturas variáveis, um desejo de ascensão em gás raro, uma espécie de espada luminosa, um desenho de matemáticas puras no chão flutuante e no quadro negro ou verde em pó.


Um degrau é um passo oblíquo, uma mão cinco dedos acesos, cigarros, o suor uma bebida intersticial, e subentende-se algum fumo, alguma ausência de exactidão, um jogo saudavelmente perverso entre as maravilhosas máquinas e os maravilhosos seres que as criam e usam. Subentendem-se as evidências, ó segurança vã, ó partículas velhíssimas da história das coisas.

Sublime violência sublimada em canto, em ritmo mecânico, sexualidade religiosa monumental, cinza que se atira ao ar e retorna em pó de oiro e diamantes, ombros nus, laços, rendas, rezes, uma corrida que escorre como gelo num fogão, e no forno estamos a cozinhar uma surpresa.


Controle, descontrole, concentrado de beleza em frasquinhos, agora será um pirata na sala do rei a saltar da varanda para o candeeiro grande no tecto, agora será uma coisa de animais ofegante como a morte, agora será uma espécie de memória com jazz ao fundo, cetim, relógios e contra-luz na janela, agora é alguém que vai rua fora, montado num dragão.

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