A guitarra é a anfetamina preferida. O que a toca não existe mas é a vida, entre chouriços e caldo verde e rapazes e raparigas vestidos de negro, electricidade, e que se lixe. Mal eles sabem que no momento em que se colocam na sanita sou eu que controlo, noite após noite, os seus medos mais ridículos.
Há o perfume dos frascos, como por certo já foi dito, mais o perfume das madeiras, mas disso ninguém sabe nada. Há ainda os momentos de chegar e de partir, o primeiro sempre em festa, o segundo sempre adiado para o dia seguinte. Há também o que se diz, mas isso já não se diz, não é?
Ele teve um sonho: era uma circunstância por certo invulgar, como são as de todos os sonhos, mas é facto que havia um palco, e então ele cantava, nota a nota, a melodia mais aguda e mais suave da sua vida. Ajoelhado, puro, vivo, e nada o impedia de chegar aí, onde era uma festa solitária. Ninguém o estava a ouvir, e também isso era feliz.
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