19.12.06

PESSOAS ÍNDIA ILHA ANALFABETO

Este poema não fui eu, não fui eu, se quiserem prender alguém prendam o meu primo que cria vacas. Estas palavras já as vi num dicionário mas não assim, não por mim nem por ti, é que há quem não entenda e polícias. Eu procuro, tenho medo, vou longe mas nada sei.


Um poema, como diz o meu amigo que voa até à lua, é sempre verde. E um poema usa sempre gravata e brilhantina, que está uma dama naquela varanda pronta para ouvi-lo. Não sei como é que ela é capaz. O pai dá nome a todas as moedas que tem, e a mãe só dança nua uma vez por ano. O problema do poema é poder ser apenas engano.

O homem, o gato, o cão, todos os animais procuram entender o estranho poder dessas palavras que correm como leite no tempo lento das vacas e dos seus filhos. Nós nada alcançamos, nada somos, as palavras é que vão além e nos levam, por acaso.


Cores: as cores significam. Os números significam. O ritmo é uma coisa de metrónomos simultâneos, cada qual em seu andamento, como uma multidão. Creio que já falei da voz mas ainda não disse o principal: não há palavra sem a magia de quem a diz. Creio que nunca li um livro.

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